sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O QUE É TRANSGRESSOAR?

 a TRANSGRESSOAR [TRANSGRESSÃO + SOAR]

é uma revista de transcriação, tradução, arte e comunicação

surgida  a partir do transpassar de dois projetos idealizados

mas não materializados:

uma coletânea de contos traduzidos

&

uma revista de artes visuais

  • inspirades pelas revistas independentes de arte e literatura do passado e do presente, nós da Maracaxá víamos como necessário e possível a abertura de um novo caminho impresso, enquanto ainda iniciávamos as costuras e publicações de nossos primeiros livros, íamos pensando na propositura de uma  re-vista da arte contemporânea, um lugar pra expressões que geralmente não víamos receber o devido espaço na literatura e na história impressa, por TRANSGREDIREM o status quo, a norma imposta, a colonização dos corpos e mentes, por refletirem, a fundo, e proporem algo ancestral ou novo, uma nova luz para iluminar a História e as estórias, um novo jeito de escrever, uma nova ou ancestral maneira de ver, sentir e viver as coisas. sonhávamos em circular uma revista que tivesse como cerne o exercício da tradução e o reavivar da importância das revistas independentes enquanto divulgadoras de gente nova, gente que instintivamente está escrevendo, desenhando, pintando, gravando e recriando a realidade desordenada em processos artísticos alquímicos, gente que está COMUNICANDO a realidade pela arte, que está começando a propor algo nesse sentido, a se reconhecer enquanto artista, ou que ainda só não teve a chance de publicar. Uma revista assim, entalhada na carne do mundo, de repente, pela urgência histórica de sua significação, há de se fazer acontecer..., pensávamos na época. 

depois aconteceu que eu, Pedro, estava lendo, por acaso, numa mesma semana, o conto e o artigo de arte que eram a inspiração primordial para os 'projetos idealizados' ditos acima, parados que estavam em alguma gaveta da memória das gentes desta editora. Um senhor muito velho com umas asas enormes, de Gabriel Garcia Márquez e A Andromeda Negra, de Elizabeth McGrath. A solução para minha inquietude ao relembrar projetos desconexos, mas que traziam 'sensações estéticas' semelhantes, foi pensar em alguma publicação, algum conceito unificador que abarcasse essas duas traduções (uma dum texto de 1972 e a outra de 1992). Lancei a ideia pro pessoal e depois de muito pensar, estudar e conversar, relembramos daquela ideia antiga e estávamos decidides a articular e instigar o surgimento de uma revista impressa que abarcasse a multiplicidade dos meios de expressão artística, com uma alta diversidade de vozes, e que não fosse nem um pouco tradicional ou copiadora de qualquer fórmula já assimilada, que inventasse e reinventasse sempre seus métodos e sua cara, seu "trejeito" desde a tipografia na diagramação na escolha da fonte na técnica escolhida pra encadernar até o conteúdo nas relações entre as linguagens os temas, em suma, a proposta estética inteira da publicação que germinávamos deveria se propor a ser transgressora, inclusive em relação a si mesma. Como objeto e como conceito.

Daí para o nome foi um pulo, pois 't r a n s g r e s s o a r' já existia antes da revista, tendo sido escrita e pixada por mim, Pedra, em vários locais da cidade, como no Barracão de Teatro da Unicamp, ou no banheiro do terminal de ônibus do centro, e estávamos todes da editora na época, além de traduzindo muito, caminhando pelas vias da transcriação, tanto na arte (entrelaçando os formatos, recriando verves) quanto na existência (reeditando condutas, re-existindo verbos). Redigimos a partir daí uma chamada aberta, na qual explicitamos a postura de abrir espaço impresso para "vozes geralmente marginalizadas, arte decolonial, arte livre, traduções e comunicações artísticas de todas as áreas" em uma publicação artesanal. 

Para nossa surpresa, muitas pessoas enviaram suas artes e reflexões. Tanto que, no fim das contas, acabamos não publicando a tradução inédita para o português da Andromeda Negra na Transgressoar 1, pois faltou espaço. Pode-se dizer que não houve uma 'curadoria', no sentido tradicional do termoA quase totalidade das artes recebidas foi publicada. Buscamos construir uma "narrativa" no sentido de estabelecer uma continuidade apenas para ambientar quem lê e vê entre tantos universos de expressão, uma espécie de conversa estrutural, da revista com a pessoa, onde buscamos ressaltar a diversidade e não apagá-la. Não houve 'tema geral' ou limitações de qualquer natureza. A diversidade foi, num geral, uma constante. Pois não de outra forma o editorial desta edição, publicada em fevereiro deste ano, afirma: a transgressoar sempre será um espaço de expressão de novas epistemologias e desconstrução de condutas e ideias retrógradas, conservadoras, e também um espaço para o encontro e a troca, a subversão y a igualdade, a soma e o dialogo livre, a construção e a desconstrução artística, enfim, um espaço aberto para o criar, o existir, o traduzir, o transcriar, o reivindicar transformador 

(;;;)

esta revista é uma maneira de registrar uma parte dessa

informação-movimentoevolução-transformar que está

acontecendo perante nossos olhos e da qual somos geratriz

da criação, queira-se ou não queira-se 

A materialização da Transgressoar um trouxe tanta alegria e tanto aprendizado para nós e tantas outras gentes que pouco depois já começamos à editar a Transgressoar dois, com alguns textos que não couberam na primeira edição e outros recebidos depois. Ela deve sair na semana que vem. 

   Uma publicação bem diferente da anterior

   pois a transgressoar transgrediu-se

                                                                                         Agora, este texto, definitivamente, não responde a pergunta: O que é Transgressoar? Esta ainda é uma pergunta que não sei responder...

Logo logo, este mês ainda, será publicada a Transgressoar 2. Depois disso disponibilizaremos  a Transgressoar 1 para download gratuito, e no futuro, talvez (tudo indica que sim), uma audiodescrição dela, aberta pra toda gente. Por enquanto, dá pra ver mais sobre ela aqui:

https://editora-maracaxa.lojaintegrada.com.br/transgressoar-transcriacao-traducao-e-comunicacao-artistica

https://www.instagram.com/editoramaracaxa/

capa da Transgressoar 2 mostra os destroços de um depósito                                  de pinturas que pegou fogo

     a queima de museus e acervos culturais tem sido coisa comum no       Brasil

                                é um projeto, parece



'Um senhor muito velho com umas asas enormes' foi publicado na Transgressoar 1. 

A tradução inédita para o português de 'A Andromeda Negra' será publicada na Transgressoar 2

Este relato faz parte de uma série de relatos que se propõem a falar sobre as atividades da Maracaxá 

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