clandestino
...mas o povo cria mas o povo engenha mas o
povo cavila o povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro da
maravilha no visgo do improviso tenteando a travessia azeitava o eixo do sol...
circuladô-de-fulô, Haroldo de Campos
- Papai, o que
é clandestino?
- Ora, filhão,
você sabe quais são as regras. Ninguém mais pode ser guardião das palavras.
- É que essa
parece misturar duas, achei que assim podia.
- Mas não
pode. Já lhe disse que regras são regras. Vamos, não me importune tanto, não vê
que agora é hora do jacaré vomitar liquidificadores? Isso é coisa só de
adultos. Vá fazer sua lição, menino, vá.
- Está bem.
O menino saiu
gingando do escritório com janelas que tocavam o chão e viu o sol entrar pela
claraboia, pulou amarelinha até chegar na porta, riscou o quadro-negro, cuspiu
no coletor, girou a maçaneta e adentrou o quarto de teto curto e paredes
ásperas.
Se acomodou esparramado na cadeira balançavel e conectou a fita de dois olhos na gaveta, procurou a palavra, vestiu os fones de alpaca algodoada, apoiou o antebraço na mesa larga e pressionou o plei.
Quando alguma
palavra nova surgia ele sempre desvendava, antes de mais nada, seu ritmo
próprio, minuciosamente, pra só depois tentar entender o que significava e como
às vezes era difícil. Porque surgiam várias outras palavras desconhecidas e ele
precisava então caçar outra música na fita infinita
pra compreender o significado daquela outra. As vezes quando se dava por si
estava perdido por entre as músicas das palavras, sem saber como havia chegado
ali, sem saber como tinha começado. Ria um pouco de desespero, mas também de
pura alegoria alegre, por estar a conhecer cada vez mais os significados e a
desbravar os ritos, ritmos e sonoridades, que imaginava nunca terem fim. Por
serem infinitas as músicas, também o eram as palavras.
Gostava de
criar sinônimos, como gostava. É que cada música tinha dentro dela ainda outra
música que era o espelho próprio da palavra do som que produzia o sentido.
Sempre no ritmo dos instrumentos, conjuntado com o da voz humana e ainda seus timbres
e pulsos, graves e agudos.
A música clandestino bastou escutar uma vez e já entendeu. Era como se já soubesse, antes mesmo de ouvir, e só precisasse confirmar. Captara o morfema pelo vão de uma conversa entre o mindingo e o dicioneiro da praça, quando escalava a fonte clara sem monumento pra poder ver os pássaros comendo as borboletas junto aos ratos e restos. Seu som desde logo impulsionou nele uma espécie de surpresa mesclada à uma familiaridade ancestral.
De um salto
escorregou pela beira da marquise e galgou a montanha de folhas-de-bananeira
úmidas do sereno, cruzou a praça e foi pra casa com a palavra ruminando na
cabeça. Indagou o pai que, como sempre, se utilizou das regras pra dispensá-lo
sem maiores cerimônias.
Fez parar de
girar o som e foi fazer tarefa cantando o sinônimo que acabara de apropriar em
clandestino. Uma palavra linda um som leve, melodioso.
Záira-tsiraquirabainaíra-dziraquirabáinai-tjzêgol
Recitava ela
daqui, cantava de lá, ria e ria, sozinho, abraçado pela musicalidade endêmica
dos significados, levado pela ritmagem das sílabas. Mas logo começou a nevar
vespas em seu quarto e ele teve de se controlar, deixou de cantorias, lambeu as
farpas da ponta dos dedos e tirou os cabelos da testa, precisava terminar a
tarefa de casa.
Só que pela
porta entreaberta ouviu a conversa do pai com a mãe. Tinha o hábito de manter o
ouvido sempre atento em múltiplas frequências, feito uma antena, e, por isso, os
mais velhos costumavam chamá-lo de parabolicamará. Palavra que,
sinceramente, nunca entendera muito bem. Ficou escutando.
- Essas
crianças de hoje em dia. Querem saber tantas palavras. Pra mim sempre bastaram
algumas poucas. Que há com o mundo, Rogéria?
- Não há nada com o mundo, Marcelo. Você que está diferente.
- Pelo
contrário, eu sou o mesmo, as regras também, o mundo que mudou. Tem tanto tempo
que somos guiados pelas regras que hoje em dia existem músicas demais. Uma
palavra já não é mais uma palavra, são várias ao mesmo tempo, são tantos
sentidos e significados e musicalidades que não há mais verdade, tudo está
perdido, Rogéria, estamos condenados.
- Como você é dramático. Esqueceu que as regras sempre são feitas ou pra
serem quebradas ou pra serem alteradas?
- No mundo dos
seus sonhos, só se for, sua anarquista. Me impressiona que após tantos anos
você ainda pense assim. Uma criança que cresce sem verdades é um amorfismo. Que
vamos fazer quando o Hermeto…
A funcionária
geral da casa entrou de repente e ele teve que fingir não estar escutando pois
era ofensa grave às regras ser bisbilhoteiro, ser curioso demais. Ela adentrou
leve, fechou a porta, esquadrinhou o quarto, de pedaço em pedaço, peça por
peça, lançou nele aqueles olhos encharcados de preguiça e desalento.
Era tarefa sua
acompanhar o correto desenvolvimento das tarefas do menino, mas, como fazia
isso a milhares de anos, gostava mesmo era de interpelá-lo pra juntos ouvirem
músicas, dividirem as palavras, conjuntarem os significados, depois quem sabe
as tarefas. Se chamava Israelita.
Com ela Hermeto aprendera muitas palavras. Incontáveis morfemas e suas relações, infindáveis músicas e corações. Foi com ela que aprendeu que uma palavra poderia significar mais de uma música. Ela não tinha medo de ensinar, não se olvidava disso pelas regras. Segundo o pai era extremamente saudosista e mexeriqueira.
Se aproximando
com velocidade e jeito sacou do bolso esquerdo o aparelho metálico poeirento
com apenas dois botões: um de ligar e outro de desligar. Se inclinou ao menino
apertando o de cima.
-
Hermenêutinho, hoje você vai aprender a palavra tamborim.
E a música ressoou pelo espaço, com arranjos
crus e simples,sambados livres, deixando o ninho de nuvens que ali morava
pictoricame nte espraiado. Em rebuliço estonteante as pernas da mesa feitas de
cacto escorregaram por um instante enquanto do teto pendiam vasos de flores,
pela janela saltaram gnomos e embaixo da terra os filhos das carroças
despertaram com o ronco surdo do metrô.
A palavra principiou em cordas agudas aguadas e depois saudou em harmonia a voz e uma batucada foi crescendo em redor girando tudo em um impulso eufórico-solar de fazer formigar os tornozelos envolvendo os acordes num suingue ascendente e balançante que quando explodiu levou tudo junto condensando a fala do tamborim no desemboque musical daquela outra palavra que já ouvira tantas vezes e ainda não sabia o que significava (por mais que buscasse, por mais que navegasse pelo rio, não encontrava músicas que se chamassem ‘carnaval’), por isso não sabia, mas de alguma forma entendeu que o tamborim era feito a semente dessa outra palavra, a faísca de sua germinação, grito das gentes, pequenas, mas fortes, tal qual o tamborim. Carnaval então seria a ressignificação da fala do tamborim, que era essa vontade de viver e dançar, ou algo do tipo, talvez fosse sinônimo de reivindicação, de inquietamento, ou talvez fosse completamente outra coisa. Quando acabou a palavra indagou à Israelita.
- Menino, você ainda não conhece carnaval?
- Não. Nenhuma música é ela.
- Ah, ela é daquelas palavras, não é mesmo? Isso torna tudo mais difícil.
- Que palavras?
Israelita se
remoía internamente, será que devia falar? Não sabia até que ponto tinha o
direito de interferir na musicalidade daquele menino. Amava-o como se fosse
cria sua, e talvez fosse, mas quantas vezes o Doutor Marcelo não interrompera
os dois em meio a conversas sinceras ameaçando entregá-la às autoridades por
uso excessivo das palavras, por explicações demasiado aprofundadas das músicas,
por corromper a mocidade alheia com conhecimentos apenas instintivos,
simplesmente sensitivos, com saudosismos históricos.
- Nada nada.
Posso te contar uma história?
- Claro.
- Me escuta bem que só vou contar uma vez. Minha avó costumava ensinar que muito tempo atrás, antes do Grande Dilúvio, nossos antepassados tinham Carnaval. Mas carnaval não era só uma palavra, era muito mais. Você consegue entender isso?
- Acho que
sim.
- Pois então,
naqueles dias as pessoas não tinham que seguir as mesmas regras que nós, as
condutas eram outras, as condições eram outras, mas as palavras e as músicas
eram as mesmas. Está me acompanhando?
O carnaval surgiu como uma festa clandestina, quando os menos favorecidos se
reuniam na rua em festa pra arregimentar um pouco de alegria em meio a vida
árdua que levavam.
- Porque a
vida deles era ardida?
- Não era
ardida, era árdua. Que é arder de dificuldade. É que nem todo mundo tinha uma
casa pra morar, o que comer todo dia. Tinha gente até que morria de fome. Mas,
apesar de tudo, eles tinham a música, seus corpos, suas vozes, suas crianças,
suas raízes, as suas palavras. Tinham vontade de gritar e foi daí que veio o
carnaval. De tirar das frinchas da dor a alegria. Carnaval era vontade de viver
além da carne, conforme a própria etimologia diz.
- Etimologia?
- Como sou
linguaruda. Já falei demais, menino. Que tal sua tarefa?
E Hermeto mostrou a ela o gráfico de tabelas e ondas composto pela apreensão dos movimentos teológicos espaciais. Seu dever era prever, com a ajuda da máquina quântica e seus cálculos, a inclinação exata do eixo de rotação dos protoplanetas em um raio de quinhentas e doze mil versetas, com justificativa musical e tudo.
Israelita não
poderia ajudar, mas não deixou de incentivá-lo, melancolicamente rindo os
dentes amarelêlados. Ao menos as tarefas ainda tratavam das músicas. Ficou
quieta, vendo o menino pensar, lembrando das etimologias, do tempo em que a
linguagem podia ser contada, não só musicada. Lembrou que algumas palavras
foram escolhidas, pela cúpula do Primeiro Governo, eleito indiretamente, para
serem apagadas e suas músicas excluídas dos arquivos. Pois “suas significações
não seriam de interesse para a nova humanidade que despontava naquele pedaço de
terra. Não haveriam eles de cair nos mesmos erros dos antepassados, dessa vez
acertariam, não topariam com seu fim. Deveriam fazer desaparecer as palavras
que insinuassem ou fossem, em qualquer grau, clandestinas, sujas e distantes do centro funcional do relógio do
mundo.”
Surgiram então
os tribunais de inquisição para averiguar que palavras seriam estas. Os
pensadores oficiais da nova “filosofia” acreditavam que a clandestinidade era o
instrumento do Inimigo para corromper as crianças, os significados e até a vida
em si. O certo era exterminá-las, apagar aquela fatia da cultura, cortar o mal
pela raiz. Se apoiavam nas regras pra isso, se inflavam na proeminência de sua
posição social e viam-se mesmo como os salvadores da humanidade.
- Israelita,
quem inventou as regras?
- Não se sabe ao certo. Encontraram um papel amarelado no túmulo da última chefia dos nossos antepassados junto a incontáveis pinturas e um amontoado de pedras coloridas e panos. No papel estavam as regras, delineadas em tinta de lagarto e mel. Tomaram-nas então como verdades divinas e em torno disso cresceu a nossa cultura.
*
Rogéria
sentara-se à mesa junto com Marcelo. Servira café a ambos mais de duas vezes.
Olhava-o no fundo do fundo do olho, tentando enxergar o homem com quem se
casara. Ele, em contrapartida, tentava ver nela a sua representação ideal de
esposa. Queria que ela concordasse com seus métodos e o ajudasse, mas as coisas
tomavam outro rumo. Ela andara lendo livros dos antepassados.
- Querido, regras são
regras. E apenas regras. O que a gente realmente precisa pra viver não é nada
novo ou moderno, não são palavras no papel, não são frases antigas que nem
sabemos ao certo se se inserem nos costumes. Você esqueceu que tudo passa? Não
lembra de seu avô? Que Deus é esse que devemos acreditar cegamente? São regras,
apenas regras, almejos humanos. Está me entendendo?
- Quer dizer que você não crê em deus? E mencionar meu avô, não tinha
porque, você sabe como eu fico.
- Você não escuta! Lembra do que seu avô te ensinou. O Hermeto precisa disso, conhecer o humano além das tecnologias, da significação unilateral, dessas grades que comprimem. Esquece um pouco das regras e ama seu filho com simplicidade, com conhecimento, pelo menos uma vez na vida.
Enquanto isso
pela janela incidiam as abelhas-robôs e a cortina sombreava soturnamente os
musgos que subiam pela tez da parede imaculada, distante no horizonte uma
bicicleta progredia com pentes pedais e cadernos guidões, os skates magnéticos
flutuavam caóticos, a estratosfera ia empanturrada de satélites cinzentos, o
horizonte desaparecia no rastro de uma gota de orvalho.
- Israelita,
foi Deus que escreveu as regras?
- Não. Deus nunca escreveu nada. Ele sempre
assoprou a verdade, mas o espaço de um papel é muito pouco pra seus desígnios.
Essas regras é sempre algum humano fazendo apoteose do próprio pensamento.
Tanto que, pras mesmas regras, as mesmas palavras, mesmas músicas daquele
papel, existem outras interpretações, de outras pessoas. Há também quem diga
que as regras não estão no papel, mas nas pinturas que lotavam as paredes e
seriam, por se tratar de arte, e, por isso, instintivas e livres,
representativas da verdadeira mitologia social total daquele agrupamento humano,
diferente do papel, que representaria apenas uma instrumentalização transitória
daquela culturalidade. Mas decidiram que era de um jeito e assim somos coagidos
a viver. Todo dia. Espero não estar usando muitas palavras desconhecidas.
Pensando bem, acho que usei clandestinas demais... Mas chega de falar, chega de
dizer. Às vezes até eu preciso lembrar disso... Olha só, vou te contar só mais
uma coisa, promete guardar segredo?
- Prometo,
prometo.
- Escuta bem. Todas as palavras clandestinas têm uma palavra-filha que é ela mesma juntada a outra palavra, com um traço entre elas. Foi o jeito que as palavras musicalmente irregráveis arranjaram de serem perpetuadas. Me escuta, as músicas clandestinas sempre vão poder ser escutadas. É só saber procurar. Não se esqueça.
Nessa hora entrou o pai, com a calopsita
apoiada no ombro esquerdo, a bengala ornamental com ares de cajado de cobra no
punho, os dentes cerrados e os olhos gigantes, ardilosos.
- Que estão
conversando?
- Sobre a lição
dele, Senhor.
- A Israelita tava me ajudando com a tarefa.
- Pois não faz mais que a obrigação.
Pode ir indo, Israelita. Os dados pro lotação estão na bancada.
- Tchau, Hermeto.
- Tchau-Israelita.
- Ela não
estava enchendo sua cabeça de asneiras né?
- De jeito
nenhum... Pai, posso perguntar uma coisa?
- Claro,
filhão.
- Quando você
tinha minha idade, gostava das músicas?
- Até que sim.
Entrava numa onda ou outra. Mas gostava das palavras em si mesmas.
- Como assim?
- Eu nunca te disse isso?
Ele se ergueu
do banco de tartaruga e lançou o estilingue na furquilha musgada, fez descer o
assento-canoa, aquele em que balançava Hermeto até vê-lo dormir muitos anos
atrás.
- É que meu
bisavô encontrou, em peregrinação marítima, um livro escrito em um lugar antigo
chamado Bahia. Ele me mostrou esse livro quando eu era um pouco mais jovem que
você. Lá vinham as palavras em letras grandes e embaixo os significados e
origens. Às vezes até a etimologia.
-
Etimologia?
- É o estudo
da formação das palavras ao longo do tempo. Você já percebeu como nossa
linguagem é complexa? Isso não surgiu da noite pro dia. É feito um arsenal de
criatividades humanas se somando em torno dessa linha que chamamos de tempo.
Nessa história, a língua que falamos sempre é a continuação de uma outra mais
antiga. Se retrocedermos bastante no tempo chegaremos ao tempo em que não
falávamos, mas enchíamos as paredes de garatujas. Nossa língua existe pelo que
veio antes, continuando toda a herança linguística principiada muito antes da primavera que você nasceu. O etimólogo
busca a origem das palavras, suas continuações e descontinuidades.
- Que maneiro
pai. Porque não aprendemos mais etimologia?
- Porque as regras mudaram, filhão. É que no fim das contas os pensadores perceberam que a etimologia acabava só confuseando mais as coisas. Por mais que fosse interessante, não era seguro. No passado guerras e mais guerras aconteciam por dissonâncias etimológicas e muitas pessoas morriam por isso. Muitas teorias apontam que foi o caos propiciado pelo conhecimento dessas origens das ideias que causou o fim dos nossos antepassados. Por isso, o consenso foi de que o melhor era não ensinar mais as crianças sobre isso. O melhor era destruir a ideia, cortar o mal pela raíz. Na minha época já não ensinavam, mas meu bisavô me mostrou o livro, porque acreditava no seu poder de transformação. Parece muito complicado o que digo?
- Nem um
pouco.
- Garoto
esperto. Afinal, descobriu o que é clandestino? Qual das músicas você usou?
- Usei a do
Chico, pai.
- E então?
- Pelo que
pude entender, clandestino é tudo aquilo que é vivo, mesmo quando tudo conspira
contra sua existência. E também o clã das gentes que não tem destino certo e
andam por ai querendo-saber-sempre-um-pouco-mais. Algo assim. Aliás, clandestino
é sinônimo de marginal?
.
* *
*
Israelita se
aprumou no vagão do lotação sem conseguir respirar direito. O aroma de suor
misturado com mijo dominava o ar. Ficou pensando em tudo. No antes, no depois,
no agora. Pensou até que havia chegado a uma conclusão.
Ali as pessoas tossiam, em condições animalescas, iam pras suas casas, após o trabalho,cansadas, mas seguras, sem fome, enquanto pela janela passavam voando os postes fosforescentes, insondáveis para ela, que concluiu seu raciocínio e não pensou em mais nada.
Se
antes havia mortes pela fome ou pela falta de segurança, pelo menos os seres
humanos tinham a liberdade. De dizer, de procurar, de serem curiosos, de alçar
a origem das coisas, não só suas músicas, que eram apenas um reflexo da
significação geral de cada coisa e cada ato. No mais, era preferível uma
liberdade perigosa a uma servidão pacífica.
[publicado originalmente em O Delírio das Coisas (2020)]
https://editora-maracaxa.lojaintegrada.com.br/o-delirio-das-coisas
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