quarta-feira, 14 de abril de 2021

CLANDESTINO - um CONTO de Aureliano Caminhamar

 

clandestino


...mas o povo cria mas o povo engenha mas o povo cavila o povo é o inventalínguas na malícia da maestria no matreiro da maravilha no visgo do improviso tenteando a travessia azeitava o eixo do sol... 

          circuladô-de-fulô, Haroldo de Campos



- Papai, o que é clandestino?

- Ora, filhão, você sabe quais são as regras. Ninguém mais pode ser guardião das palavras.

- É que essa parece misturar duas, achei que assim podia.

- Mas não pode. Já lhe disse que regras são regras. Vamos, não me importune tanto, não vê que agora é hora do jacaré vomitar liquidificadores? Isso é coisa só de adultos. Vá fazer sua lição, menino, vá.

- Está bem.

O menino saiu gingando do escritório com janelas que tocavam o chão e viu o sol entrar pela claraboia, pulou amarelinha até chegar na porta, riscou o quadro-negro, cuspiu no coletor, girou a maçaneta e adentrou o quarto de teto curto e paredes ásperas.

Se acomodou esparramado na cadeira balançavel e conectou a fita de dois olhos na gaveta, procurou a palavra, vestiu os fones de alpaca algodoada, apoiou o antebraço na mesa larga e pressionou o plei.

Quando alguma palavra nova surgia ele sempre desvendava, antes de mais nada, seu ritmo próprio, minuciosamente, pra só depois tentar entender o que significava e como às vezes era difícil. Porque surgiam várias outras palavras desconhecidas e ele precisava então caçar outra música na fita infinita pra compreender o significado daquela outra. As vezes quando se dava por si estava perdido por entre as músicas das palavras, sem saber como havia chegado ali, sem saber como tinha começado. Ria um pouco de desespero, mas também de pura alegoria alegre, por estar a conhecer cada vez mais os significados e a desbravar os ritos, ritmos e sonoridades, que imaginava nunca terem fim. Por serem infinitas as músicas, também o eram as palavras.

Gostava de criar sinônimos, como gostava. É que cada música tinha dentro dela ainda outra música que era o espelho próprio da palavra do som que produzia o sentido. Sempre no ritmo dos instrumentos, conjuntado com o da voz humana e ainda seus timbres e pulsos, graves e agudos.

A música clandestino bastou escutar uma vez e já entendeu. Era como se já soubesse, antes mesmo de ouvir, e só precisasse confirmar. Captara o morfema pelo vão de uma conversa entre o mindingo e o dicioneiro da praça, quando escalava a fonte clara sem monumento pra poder ver os pássaros comendo as borboletas junto aos ratos e restos. Seu som desde logo impulsionou nele uma espécie de surpresa mesclada à uma familiaridade ancestral.

De um salto escorregou pela beira da marquise e galgou a montanha de folhas-de-bananeira úmidas do sereno, cruzou a praça e foi pra casa com a palavra ruminando na cabeça. Indagou o pai que, como sempre, se utilizou das regras pra dispensá-lo sem maiores cerimônias.

Fez parar de girar o som e foi fazer tarefa cantando o sinônimo que acabara de apropriar em clandestino. Uma palavra linda um som leve, melodioso.

Záira-tsiraquirabainaíra-dziraquirabáinai-tjzêgol

Recitava ela daqui, cantava de lá, ria e ria, sozinho, abraçado pela musicalidade endêmica dos significados, levado pela ritmagem das sílabas. Mas logo começou a nevar vespas em seu quarto e ele teve de se controlar, deixou de cantorias, lambeu as farpas da ponta dos dedos e tirou os cabelos da testa, precisava terminar a tarefa de casa.

Só que pela porta entreaberta ouviu a conversa do pai com a mãe. Tinha o hábito de manter o ouvido sempre atento em múltiplas frequências, feito uma antena, e, por isso, os mais velhos costumavam chamá-lo de parabolicamará. Palavra que, sinceramente, nunca entendera muito bem. Ficou escutando.

- Essas crianças de hoje em dia. Querem saber tantas palavras. Pra mim sempre bastaram algumas poucas. Que há com o mundo, Rogéria?

   - Não há nada com o mundo, Marcelo. Você que está diferente.

- Pelo contrário, eu sou o mesmo, as regras também, o mundo que mudou. Tem tanto tempo que somos guiados pelas regras que hoje em dia existem músicas demais. Uma palavra já não é mais uma palavra, são várias ao mesmo tempo, são tantos sentidos e significados e musicalidades que não há mais verdade, tudo está perdido, Rogéria, estamos condenados.

    - Como você é dramático. Esqueceu que as regras sempre são feitas ou pra serem quebradas ou pra serem alteradas?

- No mundo dos seus sonhos, só se for, sua anarquista. Me impressiona que após tantos anos você ainda pense assim. Uma criança que cresce sem verdades é um amorfismo. Que vamos fazer quando o Hermeto…

A funcionária geral da casa entrou de repente e ele teve que fingir não estar escutando pois era ofensa grave às regras ser bisbilhoteiro, ser curioso demais. Ela adentrou leve, fechou a porta, esquadrinhou o quarto, de pedaço em pedaço, peça por peça, lançou nele aqueles olhos encharcados de preguiça e desalento.

Era tarefa sua acompanhar o correto desenvolvimento das tarefas do menino, mas, como fazia isso a milhares de anos, gostava mesmo era de interpelá-lo pra juntos ouvirem músicas, dividirem as palavras, conjuntarem os significados, depois quem sabe as tarefas. Se chamava Israelita.

Com ela Hermeto aprendera muitas palavras. Incontáveis morfemas e suas relações, infindáveis músicas  e  corações.  Foi com ela que aprendeu que uma palavra poderia significar mais de uma música. Ela não tinha medo de ensinar, não se olvidava disso pelas regras. Segundo o pai era extremamente saudosista e mexeriqueira.

Se aproximando com velocidade e jeito sacou do bolso esquerdo o aparelho metálico poeirento com apenas dois botões: um de ligar e outro de desligar. Se inclinou ao menino apertando o de cima.

- Hermenêutinho, hoje você vai aprender a palavra tamborim.

    E a música ressoou pelo espaço, com arranjos crus e simples,sambados livres, deixando o ninho de nuvens que ali morava pictoricame nte espraiado. Em rebuliço estonteante as pernas da mesa feitas de cacto escorregaram por um instante enquanto do teto pendiam vasos de flores, pela janela saltaram gnomos e embaixo da terra os filhos das carroças despertaram com o ronco surdo do metrô.

A palavra principiou em cordas agudas aguadas e depois saudou em harmonia a voz e uma batucada foi crescendo em redor girando tudo em um impulso eufórico-solar de fazer formigar os tornozelos envolvendo os acordes num suingue ascendente e balançante que quando explodiu levou tudo junto condensando a fala do tamborim no desemboque musical daquela outra palavra que já ouvira tantas vezes e ainda não sabia o que significava (por mais que buscasse, por mais que navegasse pelo rio, não encontrava músicas que se chamassem ‘carnaval’), por isso não sabia, mas de alguma forma entendeu que  o  tamborim  era  feito  a semente dessa outra palavra, a faísca de sua germinação, grito das gentes, pequenas, mas fortes, tal qual o tamborim. Carnaval então seria a ressignificação da fala do tamborim, que era essa vontade de viver e dançar, ou algo do tipo, talvez fosse sinônimo de reivindicação, de inquietamento, ou talvez fosse completamente outra coisa. Quando acabou a palavra indagou à Israelita.

    - Menino, você ainda não conhece carnaval?

 - Não. Nenhuma música é ela.

 - Ah, ela é daquelas palavras, não é mesmo? Isso torna tudo mais difícil.

  - Que palavras?

Israelita se remoía internamente, será que devia falar? Não sabia até que ponto tinha o direito de interferir na musicalidade daquele menino. Amava-o como se fosse cria sua, e talvez fosse, mas quantas vezes o Doutor Marcelo não interrompera os dois em meio a conversas sinceras ameaçando entregá-la às autoridades por uso excessivo das palavras, por explicações demasiado aprofundadas das músicas, por corromper a mocidade alheia com conhecimentos apenas instintivos, simplesmente sensitivos, com saudosismos históricos.

- Nada nada. Posso te contar uma história?

- Claro.

- Me escuta bem que só vou contar uma vez. Minha avó costumava ensinar que muito tempo atrás, antes do Grande Dilúvio, nossos antepassados tinham Carnaval. Mas carnaval não era só uma palavra, era muito mais. Você consegue entender isso?

- Acho que sim.

- Pois então, naqueles dias as pessoas não tinham que seguir as mesmas regras que nós, as condutas eram outras, as condições eram outras, mas as palavras e as músicas eram as mesmas. Está me acompanhando? O carnaval surgiu como uma festa clandestina, quando os menos favorecidos se reuniam na rua em festa pra arregimentar um pouco de alegria em meio a vida árdua que levavam.

- Porque a vida deles era ardida?

- Não era ardida, era árdua. Que é arder de dificuldade. É que nem todo mundo tinha uma casa pra morar, o que comer todo dia. Tinha gente até que morria de fome. Mas, apesar de tudo, eles tinham a música, seus corpos, suas vozes, suas crianças, suas raízes, as suas palavras. Tinham vontade de gritar e foi daí que veio o carnaval. De tirar das frinchas da dor a alegria. Carnaval era vontade de viver além da carne, conforme a própria etimologia diz.

                    - Etimologia?

- Como sou linguaruda. Já falei demais, menino. Que tal sua tarefa?

E Hermeto mostrou a ela o gráfico de tabelas e ondas composto pela apreensão dos movimentos teológicos espaciais. Seu dever era prever, com a ajuda da máquina quântica e seus cálculos, a inclinação   exata   do   eixo   de   rotação   dos protoplanetas em um raio de quinhentas e doze mil versetas, com justificativa musical e tudo.

Israelita não poderia ajudar, mas não deixou de incentivá-lo, melancolicamente rindo os dentes amarelêlados. Ao menos as tarefas ainda tratavam das músicas. Ficou quieta, vendo o menino pensar, lembrando das etimologias, do tempo em que a linguagem podia ser contada, não só musicada. Lembrou que algumas palavras foram escolhidas, pela cúpula do Primeiro Governo, eleito indiretamente, para serem apagadas e suas músicas excluídas dos arquivos. Pois “suas significações não seriam de interesse para a nova humanidade que despontava naquele pedaço de terra. Não haveriam eles de cair nos mesmos erros dos antepassados, dessa vez acertariam, não topariam com seu fim. Deveriam fazer desaparecer as palavras que insinuassem ou fossem, em qualquer grau, clandestinas, sujas e distantes do centro funcional do relógio do mundo.”

Surgiram então os tribunais de inquisição para averiguar que palavras seriam estas. Os pensadores oficiais da nova “filosofia” acreditavam que a clandestinidade era o instrumento do Inimigo para corromper as crianças, os significados e até a vida em si. O certo era exterminá-las, apagar aquela fatia da cultura, cortar o mal pela raiz. Se apoiavam nas regras pra isso, se inflavam na proeminência de sua posição social e viam-se mesmo como os salvadores da humanidade.

- Israelita, quem inventou as regras?

- Não se sabe ao certo. Encontraram um papel amarelado  no  túmulo  da última  chefia dos nossos antepassados junto a incontáveis pinturas e um amontoado de pedras coloridas e panos. No papel estavam as regras, delineadas em tinta de lagarto e mel. Tomaram-nas então como verdades divinas e em torno disso cresceu a nossa cultura.

*

Rogéria sentara-se à mesa junto com Marcelo. Servira café a ambos mais de duas vezes. Olhava-o no fundo do fundo do olho, tentando enxergar o homem com quem se casara. Ele, em contrapartida, tentava ver nela a sua representação ideal de esposa. Queria que ela concordasse com seus métodos e o ajudasse, mas as coisas tomavam outro rumo. Ela andara lendo livros dos antepassados.

                    - Querido, regras são regras. E apenas regras. O que a gente realmente precisa pra viver não é nada novo ou moderno, não são palavras no papel, não são frases antigas que nem sabemos ao certo se se inserem nos costumes. Você esqueceu que tudo passa? Não lembra de seu avô? Que Deus é esse que devemos acreditar cegamente? São regras, apenas regras, almejos humanos. Está me entendendo?

  - Quer dizer que você não crê em deus? E mencionar meu avô, não tinha porque, você sabe como eu fico.

    - Você não escuta! Lembra do que seu avô te ensinou. O Hermeto precisa disso, conhecer o humano além das tecnologias, da significação unilateral, dessas grades que comprimem. Esquece um pouco das regras e ama seu filho com simplicidade, com conhecimento, pelo menos uma vez na vida.

Enquanto isso pela janela incidiam as abelhas-robôs e a cortina sombreava soturnamente os musgos que subiam pela tez da parede imaculada, distante no horizonte uma bicicleta progredia com pentes pedais e cadernos guidões, os skates magnéticos flutuavam caóticos, a estratosfera ia empanturrada de satélites cinzentos, o horizonte desaparecia no rastro de uma gota de orvalho.

- Israelita, foi Deus que escreveu as regras?

- Não. Deus nunca escreveu nada. Ele sempre assoprou a verdade, mas o espaço de um papel é muito pouco pra seus desígnios. Essas regras é sempre algum humano fazendo apoteose do próprio pensamento. Tanto que, pras mesmas regras, as mesmas palavras, mesmas músicas daquele papel, existem outras interpretações, de outras pessoas. Há também quem diga que as regras não estão no papel, mas nas pinturas que lotavam as paredes e seriam, por se tratar de arte, e, por isso, instintivas e livres, representativas da verdadeira mitologia social total daquele agrupamento humano, diferente do papel, que representaria apenas uma instrumentalização transitória daquela culturalidade. Mas decidiram que era de um jeito e assim somos coagidos a viver. Todo dia. Espero não estar usando muitas palavras desconhecidas. Pensando bem, acho que usei clandestinas demais... Mas chega de falar, chega de dizer. Às vezes até eu preciso lembrar disso... Olha só, vou te contar só mais uma coisa, promete guardar segredo?

- Prometo, prometo.

- Escuta bem. Todas  as  palavras  clandestinas têm uma palavra-filha que é ela mesma juntada a outra palavra, com um traço entre elas. Foi o jeito que as palavras musicalmente irregráveis arranjaram de serem perpetuadas. Me escuta, as músicas clandestinas sempre vão poder ser escutadas. É só saber procurar. Não se esqueça.

Nessa hora entrou o pai, com a calopsita apoiada no ombro esquerdo, a bengala ornamental com ares de cajado de cobra no punho, os dentes cerrados e os olhos gigantes, ardilosos.

- Que estão conversando?

 - Sobre a lição dele, Senhor.

  - A Israelita tava me ajudando com a tarefa.

- Pois não faz mais que a obrigação. Pode ir indo, Israelita. Os dados pro lotação estão na bancada.

                  - Tchau, Hermeto.

                   - Tchau-Israelita.

- Ela não estava enchendo sua cabeça de asneiras né?

- De jeito nenhum... Pai, posso perguntar uma coisa?

- Claro, filhão.

- Quando você tinha minha idade, gostava das músicas?

- Até que sim. Entrava numa onda ou outra. Mas gostava das palavras em si mesmas.

- Como assim?

- Eu nunca te disse isso? 

Ele se ergueu do banco de tartaruga e lançou o estilingue na furquilha musgada, fez descer o assento-canoa, aquele em que balançava Hermeto até vê-lo dormir muitos anos atrás.

- É que meu bisavô encontrou, em peregrinação marítima, um livro escrito em um lugar antigo chamado Bahia. Ele me mostrou esse livro quando eu era um pouco mais jovem que você. Lá vinham as palavras em letras grandes e embaixo os significados e origens. Às vezes até a etimologia.

- Etimologia?

- É o estudo da formação das palavras ao longo do tempo. Você já percebeu como nossa linguagem é complexa? Isso não surgiu da noite pro dia. É feito um arsenal de criatividades humanas se somando em torno dessa linha que chamamos de tempo. Nessa história, a língua que falamos sempre é a continuação de uma outra mais antiga. Se retrocedermos bastante no tempo chegaremos ao tempo em que não falávamos, mas enchíamos as paredes de garatujas. Nossa língua existe pelo que veio antes, continuando toda a herança linguística principiada muito antes da primavera que você nasceu. O etimólogo busca a origem das palavras, suas continuações e descontinuidades.

- Que maneiro pai. Porque não aprendemos mais etimologia?

- Porque as regras mudaram, filhão. É que no fim das contas os pensadores perceberam que a etimologia acabava só confuseando mais as coisas. Por mais que fosse interessante, não era seguro. No passado  guerras  e  mais  guerras  aconteciam  por dissonâncias etimológicas e muitas pessoas morriam por isso. Muitas teorias apontam que foi o caos propiciado pelo conhecimento dessas origens das ideias que causou o fim dos nossos antepassados. Por isso, o consenso foi de que o melhor era não ensinar mais as crianças sobre isso. O melhor era destruir a ideia, cortar o mal pela raíz. Na minha época já não ensinavam, mas meu bisavô me mostrou o livro, porque acreditava no seu poder de transformação. Parece muito complicado o que digo?

- Nem um pouco.

- Garoto esperto. Afinal, descobriu o que é clandestino? Qual das músicas você usou?

- Usei a do Chico, pai.

- E então?

- Pelo que pude entender, clandestino é tudo aquilo que é vivo, mesmo quando tudo conspira contra sua existência. E também o clã das gentes que não tem destino certo e andam por ai querendo-saber-sempre-um-pouco-mais. Algo assim. Aliás, clandestino é sinônimo de marginal?

.                     *     *

                         *

Israelita se aprumou no vagão do lotação sem conseguir respirar direito. O aroma de suor misturado com mijo dominava o ar. Ficou pensando em tudo. No antes, no depois, no agora. Pensou até que havia chegado a uma conclusão.

Ali as pessoas tossiam, em condições animalescas, iam pras suas casas, após o  trabalho,cansadas, mas seguras, sem fome, enquanto pela janela passavam voando os postes fosforescentes, insondáveis para ela, que concluiu seu raciocínio e não pensou em mais nada.

Se antes havia mortes pela fome ou pela falta de segurança, pelo menos os seres humanos tinham a liberdade. De dizer, de procurar, de serem curiosos, de alçar a origem das coisas, não só suas músicas, que eram apenas um reflexo da significação geral de cada coisa e cada ato. No mais, era preferível uma liberdade perigosa a uma servidão pacífica.


[publicado originalmente em O Delírio das Coisas (2020)]

https://editora-maracaxa.lojaintegrada.com.br/o-delirio-das-coisas

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